Serra da Estrela o Coração de Portugal

A Serra da Estrela integra a Cordilheira Central da Península Ibérica e faz no seu território a passagem do povoamento, do clima e da vegetação do norte para a do sul de Portugal.

Destaca-se pelo magnífico espectáculo que a neve proporciona no Inverno e que as árvores, as flores da montanha e as lagoas proporcionam durante o resto do ano. Mas também por ter o ponto mais alto de Portugal continental, a torre, que chega aos 2000 metros de altitude. Refira-se que, com céu limpo, do planalto da torre é possível ver grande parte do território português e parte do território espanhol.


A Estrela consegue levar-nos até à Serra da Boa Viagem, em Buarcos, ou até ao Marão, na entrada de Trás-os-Montes. Mostra-nos vales arredondados pelos glaciares, gargantas profundíssimas, lagoas, nascentes de rios e encostas engenhosamente armadas em terraços. Aproxima-nos de aldeias penduradas no precipício e de pastoris casas de granito e colmo espalhadas pelo vale imenso. E faz-nos sentir o mar salgado do Atlântico e os aromas doces e quentes do Mediterrâneo. Mas, se já é muito o que se vê e sente desde o alto da Torre, da Nave de S. António ou das Penhas Douradas, muito mais é o que a Estrela, na sua grandeza, nos esconde do olhar mais superficial.

"Uma paisagem de tipo alpino encravada no coração de Portugal", assim se refere Suzanne Daveau à área do Planalto Central da Estrela.

É nos pontos cimeiros da Estrela, onde a paisagem revela grandes semelhanças com certos relevos dos Alpes e dos Pirinéus, que reside a principal originalidade da serra e do próprio parque natural. Apesar do rei D. João V (1816-1826) ter mandado construir a Torre no planalto central, para fazer crescer a serra até aos 2000 metros de altitude, foi a natureza que moldou o espaço. Primeiro, as deslocações tectónicas elevaram as montanhas dos planaltos, entalhando os rios; depois, os glaciares rasgaram encostas, aprofundaram vales, arrastaram blocos de granito, formaram enormes plataformas redondas (covões) e criaram lagoas e relvados húmidos.

Os rios, as ribeiras, as nascentes de água e as lagoas "plantadas" entre as rochas são talvez o que de mais belo a Serra da Estrela tem para oferecer. Na Serra da Estrela nasce o Rio Mondego, o maior rio a nascer e desaguar em Portugal, assim como um importante afluente do Rio Tejo, o Rio Zêzere. Mondego e Zêzere proporcionam um cenário de natureza magnífico, mas propiciam também a prática de alguns desportos como a canoagem.


Por falar em desportos, se há desporto que tradicionalmente se associa à Serra da Estrela em Portugal é a prática de Ski, possível nos Invernos de muita neve. A luta que antes se fazia para sobreviver à neve, hoje faz-se em favor da neve e assim, a pista de neve junto à Torre tenta prolongar o divertimento dos desportos de neve um pouco além das possibilidades climatéricas.

Na Serra da Estrela poderá observar uma fauna e flora únicas, onde a vegetação primitiva, fértil em espécies folhosas como o carvalho, se mistura já com espécies trazidas de outras regiões, entre montes e vales que emocionam pela sua beleza. Nos montes e vales, o trabalho agrícola é árduo devido ao declive e às condições climatéricas, tal como a pastorícia, pondo à prova a perseverança e tenacidade do homem serrano.

Graças à sua localização privilegiada, recebe influências continentais, atlânticas e mediterrânicas e daí a sua importância botânica. Esta múltipla influência climática e também a geologia e o relevo determinam a natureza do coberto vegetal e a forma como o território é ocupado. Ao contrário do que acontece nas serras da Peneda, Montemuro e Barroso, por exemplo, onde o assentamento humano chega às partes mais altas, na Estrela, o povoamento praticamente não passa dos contrafortes da serra. A aldeia mais alta, Sabugueiro, situa-se a 1050 metros de altitude.

É entre os 600 e os 900 metros que se implanta a maior parte das aldeias do parque natural, envolvendo a montanha numa enorme cintura. Em algumas freguesias, como Videmonte ou Folgozinho, as populações ainda sobem até aos 1200 metros para semear centeio, tratar da floresta e pastorear o gado, resguardando-se dos rigores em casas de granito cobertas com colmo - os casais. Daí para cima só passam os gados transumantes. Quando as neves começam a derreter, a partir de Abril, as ovelhas das aldeias serranas começam a subir até ao planalto central, em busca da erva fresca que cresce nos cervunais - áreas húmidas cobertas por cervum, uma planta herbácea. Em Setembro, quando o frio começa a apertar, descem até às terras baixas dos vales.

No resto do maciço é a presença humana que marca a paisagem. A maior parte da população do Parque Natural da Serra da Estrela vive na vertente noroeste do maciço, numa encosta suave que se dilui nos planaltos da beira transmontana. É lá que se encontram os solos com maior aptidão agrícola, ao redor dos quais cresceram aldeias de granito carregadas de história, como Melo, a terra natal de Virgílio Ferreira, ou a nobre Linhares da Beira.


Mas, apesar da ocupação humana não ser uniforme, tudo gira em torno do mesmo: a criação de gado ovino. São as indústrias de lanifícios, é o artesanato de lã, é o cão Serra da Estrela, usado para guardar os rebanhos, e é o queijo, o amanteigado queijo Serra da Estrela, que, para ser genuíno, deve levar apenas leite estreme de ovelha, cardo e sal da melhor qualidade. É assim a serra da Estrela: lã e neve, como sintetizou, em romance, Ferreira de Castro.

Lagoas, rios, espaços arborizados e as rochas esculpidas pelos glaciares possibilitam percursos magníficos de carro, mas principalmente venha até à Serra da Estrela e sinta o calor tórrido do Verão, que parece vir das entranhas da terra e só se ameniza nas sombras da vegetação; sinta o frio do Inverno e seu espectáculo branco ou a brisa suave e o ar puro que rejuvenesce até a alma, que por aqui passa na Primavera e Outono!
Comentários
"O Covão da Ponte é sem dúvida um daqueles sítios mágicos que nos leva a sentir alguma responsabilidade no momento de o mostrarmos a outras pessoas. A ligação que o espaço estabelece connosco é tal que tudo ali nos faz bem... "
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