Poupa

Upupa epops


Identificação

A Poupa é uma das espécies mais atractivas da nossa fauna, sendo bem conhecida dos habitantes rurais, quer pelo seu canto característico, quer pelo facto de o seu ninho se caracterizar pelo cheiro desagradável. As marcas que mais a distinguem são a poupa de grande dimensão que ostenta na cabeça e as suas asas barradas de preto e branco. Taxonomicamente, esta espécie pertence à ordem dos Coraciiformes, contudo as suas características morfológicas são tão distintivas, que lhe valeram a classificação numa família própria (Upupidae), à qual não pertence nenhuma outra ave. Esta espécie possui diferentes designações regionais, entre os quais Boubela, Catatua, Poupão, Poupa-pão e Poupinha.

É uma das aves mais fáceis de identificar por ser castanha, com as asas pretas e brancas, com uma poupa grande muito visível quando erecta. Bico longo e um pouco recurvado. O voo é um pouco hesitante e irregular. Dimensão de 25 a 29 cm de comprimento e 44 a 48 cm de envergadura. O seu canto é um característico hoop-hoop-hoop que pode ser repetido ao longo de vários minutos.

Distribuição

Distribui-se pela quase totalidade do Velho Mundo, isto é, na Europa, Ásia até ao Japão, África desde Marrocos à África do Sul e ainda Madagáscar. Em Portugal nidifica no território continental e no arquipélago da Madeira.


Esta espécie distribui-se pela totalidade do território continental e ocorre também no arquipélago da Madeira, particularmente na Ilha de Porto Santo. Embora seja geralmente considerada uma espécie estival, é um facto conhecido desde há longa data que, nas regiões a sul do Tejo, a Poupa pode ser vista durante todo o ano. É especialmente no Algarve e no Baixo Alentejo que os indivíduos invernantes podem ser encontrados com maior frequência. Já no norte do país e no litoral centro a espécie é estritamente estival; no interior centro também é principalmente um visitante de Verão, embora aí ocorram, ocasionalmente, aves isoladas durante o Inverno.

Não se sabe se os indivíduos observados no sul do país, durante o Inverno, são aves residentes, que aí nidificam e permanecem todo o ano ou, pelo contrário, se trata de invernantes oriundos de regiões mais a norte, que escolhem essa região para passar a estação fria.

A anilhagem de aves constitui uma ferramenta muito útil para esclarecer esta e outras questões relacionadas com fenologia das aves, pois através da marcação individual das aves e da subsequente recaptura torna-se possível determinar os movimentos que efectuam; porém, no caso das Poupas, a informação existente é ainda insuficiente para compreender totalmente o seu padrão migratório, dado que a espécie não é geralmente capturada em números muito elevados.


Ecologia

Privilegia terrenos abertos com zonas de solo exposto ou erva curta, onde possa procurar alimento; na época dos ninhos está dependente da presença de cavidades onde possa nidificar – estas cavidades podem situar-se em árvores mas também em edifícios.

Apesar da sua incontestável beleza, a Poupa pode estar associada a odores pouco agradáveis. Por um lado, o seu ninho caracteriza-se pelo seu cheiro fétido. Aliás, existe uma crença generalizada de que isto acontece porque a fêmea não cuida convenientemente da higiene do ninho. Contudo, a realidade é um pouco diferente. Na verdade, a fêmea procura remover as fezes das crias, contudo estas tendem a defecar na parte posterior da cavidade onde o ninho está instalado, dificultando a tarefa de remoção e assim, à medida que as crias crescem a “matéria expelida” vai-se acumulando, o que provoca o mau cheiro.

Por outro lado, a Poupa desenvolveu uma estratégia anti-predador bastante eficaz. Assim, tanto a fêmea como as crias possuem uma glândula uropigial capaz de segregar um líquido de cheiro pestilento, produzindo um fedor semelhante ao de carne estragada. Sempre que um intruso se aproxima do ninho, as crias, ainda com poucos dias de idade, são capazes de expelir esse líquido com uma pontaria notável para cima do intruso. Devido a esta sua capacidade, a espécie ganhou fama de malcheirosa entre as comunidades rurais. Não surpreende, por isso, que nalgumas zonas da Europa a expressão “cheirar mal como uma Poupa” seja considerada insultuosa. Na Galiza a espécie é conhecida por “Galo merdento” ou “Galo porco”, nome obviamente indicativo do mau cheiro exalado por esta espécie. Assim, se encontrar um ninho de Poupa o melhor será guardar alguma distância!

Alimentação

A poupa alimenta-se de insectos e suas larvas, bem como de minhocas e outros anelídeos terrestres, pequenos anfíbios e por vezes pequenas cobras. Embora prefira alimentar-se no solo, é também capaz de caçar insectos em voo.


Reprodução

A época de reprodução decorre entre Agosto e Outubro, dependendo da distribuição geográfica. Cada postura contém 2 a 6 ovos de cor azul-esverdeada. Os juvenis chocam ao fim de cerca de 17 dias de incubação, da responsabilidade exclusiva da fémea, e permanecem no ninho durante cerca de um mês, recebendo os cuidados parentais de ambos os progenitores. A principal característica dos ninhos das poupas, construídos em cavidades de árvore, é talvez o seu cheiro fétido, extremamente desagradável. O mau cheiro não se deve a falta de higiene no ninho, pois é sabido que a fémea o limpa cuidadosamente de todos os detritos, mas representa uma estratégia contra predadores. A fémea e os juvenis desta espécie possuem uma glândula uropigial, capaz de segregar o líquido responsável pelo mau cheiro, que é expelido em caso de ameaça.

Factores de Ameaça

A perseguição humana através do abate a tiro, da utilização de iscos envenenados e da pilhagem de ninhos, motivada por conflitos associados ao seu comportamento predatório, constitui o principal factor de mortalidade desta espécie.

A perturbação humana em zonas de nidificação e durante os períodos mais sensíveis, provocada por actividades agro-silvicolas, actividades cinegéticas, turismo e lazer, conduz a um abaixamento da produtividade da população e até mesmo ao abandono de territórios.

A alteração dos habitats de nidificação e/ou alimentação devido à construção de infra-estruturas (barragens, parques eólicos, estradas), instalação de regadios, produção florestal, actividade de extracção de inertes.

in " http://www.quercusambiente.org/pages/defaultArticleViewOne.asp?storyID=827
in " http://pt.wikipedia.org/wiki/Poupa
Comentários
"Quem passa pelo Covão da Ponte não esquece, e eu que o diga. Embora já lá tenha estado noutras condições (Inverno), estes dias que passei lá recentemente foram "Show"."
Vítor Marques
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