Eloi Gouveia
"Foi me pedido pelo autor deste belo site que desse a minha opinião sobre este espaço. Após pensar um pouco sobre aquilo que agradaria escrever lembrei-me que já lá vai mais de uma década desde que este local me foi apresentado. É curioso mas este sítio é algo que já entendo como meu; é onde posso desanuviar em contacto com a natureza.Bem mas começando pelo início, devia eu ter cerca de 11 anos quando os meus amigos Custodio e André me contavam histórias magníficas sobre esse local. Lembro-me de pensar que esses relatos não podiam deixar de ser exagerados. Era impossível que um sitio tão paradisíaco e ao mesmo tempo reservado e virgem da nossa civilização existisse. Ate que um belo dia esses amigos me convidaram para os acompanhar numa aventura campista. Convencida a entidade paternal lá fui com a imaginação a todo o gás. Lembro que fizemos o caminho num mítico fiat punto a diesel e claro de termos parado (na agora habitual) numa pastelaria em Viseu para comer um delicioso croissant de chocolate. Depois de Viseu a estrada é rudimentar e as curvas são mais que muitas o que torna o caminho difícil embora a linda paisagem nos ajude a passar melhor a viagem. Quando cheguei ao covão da ponte foi extraordinário pois para mim foi indescritível toda aquela mistura de cheiros e de liberdade. Não consigo explicar como foi maravilhoso mergulhar no rio Mondego depois da viagem. No covão aconteceu me ainda uma coisa engraçada: ou a fome aumenta ou a comida melhora porque lá tudo parece saber melhor.
Nessa primeira vez que lá estive os meus amigos iniciaram-me em grande caminhadas que constituíam também grandes aventuras. Subimos algumas montanhas e era gratificante ouvir o silêncio e avistar paisagens de cortar a respiração. Claro que no caminho encontrávamos sempre pássaros fascinantes que nunca havia visto ou ouvido. O que mais me agradava ver, e agrada, era a águia com o seu voo livre e imponente. Era assim que me sentia no covão da ponte livre e imponente. E ainda hoje sinto. Sempre que lá vou sinto sempre o mesmo fascínio que senti da primeira vez que lá fui. Houve ainda algo que mereceu a minha admiração na magnífica serra que foi a sua impressionante noite. É uma noite que impõe respeito, própria para ouvir histórias e lendas e que tornam mais propicio o pensamento divagante. Lá as questões existenciais ganham uma nova dimensão. Temos mais tempo para pensar e o ambiente ajuda a isso mesmo. De referir ainda o céu mais belo que já vi.
Muito estrelado. Sempre que olho o céu no covão avisto centenas de estrelas, vejo estrelas cadentes e, eu que sou um céptico, penso que é altamente improvável o ser humano estar só num espaço tão vasto como o é o nosso universo. No covão sinto me em contacto com a natureza e fico mais disponível para os amigos. Enfim tenho uma liberdade espacio temporal……sim porque lá o relógio também pára …e se não parasse de nada adiantava porque quando entro no meu/ nosso covão o relógio sai imediatamente do meu pulso.
Por fim devo referir que os meus amigos Custódio e André não exageraram quando há 11 anos me relataram coisas sobre o covão. A eles devo conhecer este espaço que é sem dúvida o meu espaço de eleição."
Ano de 2002
Comentários
"O Covão da Ponte é sem dúvida um daqueles sítios mágicos que nos leva a sentir alguma responsabilidade no momento de o mostrarmos a outras pessoas. A ligação que o espaço estabelece connosco é tal que tudo ali nos faz bem... "
Nett